NOVO PRÉDIO
Novo prédio da Câmara de Jaú volta a causar polêmica entre moradores: quem vai pagar a conta?
A proposta baseia-se em uma realidade incontestável: a atual sede da Câmara funciona há mais de duas décadas em um espaço improvisado no "subsolo" da Prefeitura, sem estrutura adequada, com infiltrações, salas pequenas e, o mais grave, sem o AVCB

Maioria dos vereadores é favorável à construção de novo prédio, mas população se posiciona contra e defende investimento em outras prioridades
Mais uma vez, a ideia de construir uma nova sede para a Câmara Municipal de Jahu voltou ao centro do debate público — e gerou forte repercussão. A aprovação, na 18ª Sessão Ordinária, de um Projeto de Resolução que cria uma Comissão Especial de Estudos para acompanhar o planejamento e a implantação do novo prédio reacendeu a indignação de muitos munícipes, que se manifestaram em páginas da própria Câmara, da Central da Notícia e do portal Jaumais, que reuniu um apanhado das reações nas redes sociais.
O projeto é de autoria do vereador Mateus Turini e teve apoio da maioria dos parlamentares. Apenas o vereador Maurílio Moretti votou contra. Dr. Paulo de Tarso não compareceu à sessão por problemas de saúde, e o presidente da Câmara, Jefferson Vieira, só votaria em caso de empate.
A proposta baseia-se em uma realidade incontestável: a atual sede da Câmara funciona há mais de duas décadas em um espaço improvisado no “subsolo” da Prefeitura, sem estrutura adequada, com infiltrações, salas pequenas e, o mais grave, sem o Auto de Vistoria do Corpo de Bombeiros (AVCB), o que compromete a segurança de funcionários e do público. Apenas o plenário, onde são realizadas as sessões, é um local próprio para isso.
Segundo Turini, “a atual sede poderia ser disponibilizada à Prefeitura, que ganharia em espaço e organização, inclusive deixando de pagar aluguéis para outros departamentos. A nova sede da Câmara poderia ainda ser projetada com um auditório multiuso, preenchendo uma lacuna cultural de Jaú, que não possui teatro municipal”.
Apesar das justificativas técnicas e estruturais, parte significativa da população se manifestou contra a proposta, sobretudo nas redes sociais. O argumento mais recorrente é a prioridade de investimentos em áreas básicas como saúde, educação e infraestrutura urbana.

Repercussão nas redes sociais
Franciano Martinho sintetizou a insatisfação geral: “Não sou contra a construção de um prédio aos nobres vereadores, mas enquanto a cidade não tiver um hospital municipal e creches para todas as crianças, acho que dá para esperar”.
Eduardo Forchetto elogiou a postura isolada de Moretti: “Parabéns ao vereador. Foi claro ao dizer que Jaú tem outras prioridades antes dessa barbaridade de gastar dinheiro público com uma câmara nova”.
A moradora Vera Salvador questionou o foco dos vereadores: “Pensem na população. Escolas sem estrutura, lixo espalhado, rodoviária em situação precária. A cidade está largada”.
Outros, como João Ricardo Zugliani e Antonio Fracaro, viram com bons olhos a ideia: “As instalações atuais são precárias. A construção de um novo prédio não exclui a necessidade de outros investimentos”, disse Zugliani. Já Fracaro ironizou: “Eles têm que se sentir confortáveis para trabalhar. Trabalham muito. Merecem cadeiras novas também”.
Houve ainda críticas ao modelo político local, com propostas de enxugamento da estrutura. “É só diminuir o número de vereadores para 9 ou 11 e cortar assessores. Vai sobrar espaço e reduzir gastos”, sugeriu Antonio F. Melo. Para André Galvão,. “o teatro faz falta, um prédio novo para o legislativo não. Para o trabalho de fiscalizar o executivo, o que existe de infraestrutura atual é mais do que suficiente.”

Quem vai pagar?
A pergunta que ecoa nas ruas e nas redes: “Quem vai pagar essa obra?” A resposta é simples: o contribuinte jauense. Embora ainda não haja definição sobre valores, prazos ou local da obra, o debate agora se concentra entre a necessidade técnica e a sensibilidade social. Os próximos os da Comissão Especial de Estudos devem indicar a viabilidade da construção — mas também testar o pulso da população sobre as reais prioridades de Jahu.
Enquanto isso, o atual “puxadinho legislativo” segue operando sem segurança e com espaço exíguo. Mas, para muitos, a precariedade da Câmara não justifica, por si só, uma nova obra pública. O embate está apenas começando.